Técnicas vocais de rádio – parte 1

Nas aulas ministradas na Escola Estadual Emiliano Perneta, técnicas vocais foram passadas aos alunos. A seguir, parte dos exercícios utilizados, retirados da apostila “Dicas para Comunicadores Populares”, da Recomsol/UCBC (Rede de Comunicadores Solidários da UCBC).

1. Preparando-se para falar

Falar bem é uma arte que exige domínio das regras do mecanismo vocal: técnica de respiração, técnica de fonação, pronúncia, articulação, dicção, preparação e perfeita impostação – que é o contrário de rigidez e enfeitamento.

Pontos essenciais para falar bem:

a) Entusiasmo: falar com o coração. Sentir e acreditar no que está dizendo.

b) Clareza: falar devagar, pronunciando e articulando de modo inteligente. Não comer os finais das frases e nem das palavras. Para isso, abra bem a boca e faça muitos exercícios de leitura.

c) Ênfase: dar a força de expressão necessária para a palavra ou a frase. A ênfase é a chave para levar ao significado do que está escrito. Sem a ênfase a palavra fica apagada, sem graça.

d) Modulação e Entonação: é a variedade na inflexão do tom da voz. É preciso saber entonar as frases interrogativas, imperativas e exclamativas.

e) Naturalidade: primeiro: não ler, mas comentar, contar, bater um papo. Segundo: a voz deve sair livre, sem esforço.

f) Pausa: essencial para uma boa locução, mas também precisa ser dosada. Falar sem pausas é algo mecânico, é simplesmente soltar as palavras sem tom nem som, é pronunciar palavras sem sentido.

g) Serenidade: não se deve correr, cada fala tem seu próprio ritmo. Se seu programa foi preparado conscientemente, no momento de ser levado ao ar o locutor estará relativamente sereno. Do contrário, a preocupação em fazer bem vai arrasar seus nervos e a fala vai refletir este estado de alma.

h) Ritmo: regulado, sem atropelar e sem ficar monótono. O próprio texto vai indicando onde se deve mudar o ritmo. As coisas tristes, normalmente, são ditas devagar. Já as descrições são feitas um pouco mais rápido. Quando se dão ordens, um pouco mais rápido e enérgico.

2 – Locutor bem informado:

Além da boa dicção e da voz “trabalhada”, o locutor deve ter a preocupação de estar bem informado sobre o que acontece na comunidade, no estado, no país, no mundo e, evidentemente, sobre o que vai apresentar no programa. O locutor deve ter o costume de ler livros, jornais, revistas, etc.

Antes de pegar o microfone, o locutor deve ver o que vai ler, esclarecendo dúvidas sobre pronúncia de nomes de pessoas e lugares, e conhecer bem o assunto que vai falar.

É bom estar afinado com o operador, pois se ocorrer algum imprevisto ele saberá como agir. Por exemplo: acontece do locutor engasgar ou precisar tossir e com um simples aceno para o operador ele pode ter um tempinho de uma vinheta, uma subida do BG ou um comercial para se recompor.

Ao falar no rádio é importante saber também qual é a distância que devemos manter do microfone. Isso vai depender muito do tipo de equipamento, da sua potência e do timbre de voz do locutor. Mas, em geral, aconselha-se uma distância de 20 centímetros, um palmo, entre o microfone e a boca de quem está falando.

Como já vimos, a linguagem do rádio é basicamente oral. Cabe ao comunicador envolver o ouvinte com a sua fala, e falar de uma maneira que crie imagens na cabeça das pessoas, para que elas “vejam” aquilo que está sendo contado. Sem isso, a relação do rádio com as pessoas torna-se fria e não há comunicação.

O locutor deve estar atento também à postura que adota no rádio. Sua atitude não deve ser moralista, autoritária, professoral ou arrogante. O que deve buscar sempre é a intimidade, a amizade, o respeito e a seriedade com o ouvinte. É mais uma atitude de igualdade e compreensão.

Algumas posturas que devem ser evitadas pelos locutores são:

1. Dr. Sabe tudo: aquele que acha que sempre está certo e tenta impor sua verdade a qualquer custo.

2. Estrela: aquele que se acha o melhor e que o ouvinte sem ele não é nada.

3. Militar: aquele que determina o que o ouvinte deve fazer e tem que ser do jeito que ele manda, senão corre o risco de ser severamente criticado e até desprezado.

4. Relator: aquele que fala como se estivesse lendo um jornal, sem qualquer emoção.

5. Inconveniente: o que gosta de fazer piada de mau gosto e se acha o máximo.

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