Tiago C. G. de Andrade
Depois de assistir a um belo filme chamado “Entre os muros da escola”, que expõe, através do cotidiano de um professor e de sua turma numa escola pública francesa, o tão conhecido abismo existente entre docentes e discentes atualmente, e de ter acompanhado a greve dos professores em São Paulo através de suas repercussões midiáticas, parei para pensar um pouco sobre o que é ser professor.
Professor talvez seja a profissão mais irônica do mundo. Mesmo que as duas palavras tenham a mesma origem etimológica, uma não existe sem a outra.
Afinal, na teoria, o professor é aquele que tem como profissão ensinar; é um educador, formador de cidadãos críticos, função base da sociedade democrática e por aí vai.
Ora, se o papel do professor é tão fundamental, então deve ser a profissão mais respeitada e remunerada de todas, não é mesmo? Não precisa ser professor pra detectar a ironia aqui.
Na prática, por mais que a remuneração não esteja à altura de seus papéis (usando de eufemismo), que sejam menosprezados e desrespeitados – enfim, por mais que o abismo seja real, muitos professores se esforçam continuamente em suas funções: incentivam os alunos a saírem de suas condições, preparam aulas, corrigem madrugadas a fio, se engajam em projetos sociais e mobilizações, são agentes transformadores da comunidade em que atuam e etc.
Ser professor hoje parece muito com ser aqueles super-heróis que salvam o mundo, mas o mundo é muito mal agradecido a eles. Missão nobre e árdua é ensinar. E quando nos damos conta disso e incentivamos os professores a saírem dos muros da escola e irem para as ruas reivindicar seus direitos, e devido respeito, eles são chamados de “baderneiros” nos jornais; mais uma ironia para a profissão.
Nessa situação, tudo que me resta dizer é: Professores de verdade, muito obrigado. O esforço de vocês nunca será em vão.